Foto: David Andrijevic, Zvonimir Vrselja, Taras Lysyy, Shupei Zhang; Sestan Laboratory; Yale School of Medicine
Órgãos de porco foram parcialmente ressucitados uma hora depois que os animais morreram, em um avanço com potencial para transformar a medicina, de acordo com pesquisadores dos EUA.
A técnica pode aumentar o número de órgãos disponíveis para transplante e dar aos médicos mais tempo para salvar uma vida se o procedimento for aplicado em pessoas.
O estudo também desafia suposições sobre o que acontece nos momentos entre a vida e a morte.
Quando o coração para de bater, o corpo fica sem oxigênio e os nutrientes necessários para sobreviver. Os órgãos aumentam de tamanho, os vasos sanguíneos colapsam e as células começam a morrer.
Acreditava-se que essa morte celular fosse rápida e permanente, mas pesquisadores da Universidade Yale, nos Estados Unidos, desfizeram parte desse dano em animais que estavam mortos havia uma hora.
"Podemos restaurar algumas funções das células, em vários órgãos vitais, que se imaginava que estariam mortas. Essas células estão funcionando horas depois que 'não deveriam' estar", disse o professor Nenad Sestan.
Avanço médico?
Serão necessárias muito mais pesquisas antes que a tecnologia possa ser adaptada para ser usada em pessoas.
No entanto, o objetivo inicial é preservar os órgãos transplantados por mais tempo, para que possam chegar aos pacientes que precisam deles.
"Acho que a tecnologia é muito promissora para nossa capacidade de preservar órgãos depois que eles são removidos de um doador", disse Stephen Latham, diretor do centro interdisciplinar de bioética de Yale.
Ambições mais distantes incluem tornar ainda mais pessoas doadoras de órgãos adequadas após a morte e até mesmo como tratamento.
Comentando o estudo, Sam Parnia, diretor de cuidados intensivos e pesquisa de ressuscitação da Universidade de Nova York, disse que o estudo é "verdadeiramente notável e incrivelmente significativo" e pode ajudar a explicar relatos de experiências de quase morte.
Ele disse que a tecnologia também pode ser usada para ganhar mais tempo para os médicos tratarem pessoas cujos corpos estão sem oxigênio, como aqueles que morreram por afogamento ou ataques cardíacos.
Ele acrescentou que isso poderia "trazer essas pessoas de volta à vida muitas horas após a morte".
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