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A gravidez e varizes

Atualizado: 14 de jul. de 2023


Em todos estes anos que, como médico, exerço a especialidade da obstetrícia tenho procurado orientar as mãezinhas sobre suas principais dúvidas e queixas que geralmente dizem respeito aos aspectos estéticos e aos ligados ao parto e à saúde do bebê que está para chegar. Sim, porque passada a euforia inicial da notícia da gravidez muitas vezes tão esperada, tão aguardada, quase sempre começam a surgir ansiedades e medos sobre o que pode acontecer com o nenê, com a gestação, com o corpo e a beleza da mamãe. É óbvio que algumas queixas e dúvidas têm razão de ser e necessitam da atenção especial do profissional. Entre elas destaca-se a queixa relacionada às varizes e, como conseqüência, ao inchaço e à dor nas pernas.


Em latim, “varicosus” significa dilatado, daí a origem de veias varicosas ou veias dilatadas, alongadas e tortuosas. Como o ser humano adquiriu a postura “em pé”, passou a ser vítima da dilatação das veias dos membros inferiores. As varizes só ocorrem em pessoas com predisposição genética, porém fatores desencadeantes podem agravá-las ou acelerá-las sendo a gestação um dos mais importantes devido à transformação da mulher do ponto de vista hormonal e estrutural causada pelo aumento de volume e de peso progressivo no baixo ventre, aumento do fluxo sanguíneo na região pélvica, retenção de líquido e compressão do útero sobre veias do abdômen dificultando o retorno venoso do sangue circulante. Assim a gestante predisposta inevitavelmente irá apresentar sintomas de varizes que podem ser apenas inchaços nas pernas até grandes dilatações das veias acompanhadas de dores pesadas nos membros inferiores, formigamentos e as famigeradas varicoses que, quanto à estética, constrangem a grávida. Problemas mais graves como a trombose, por sorte, só ocorrem em uma para cada mil gestantes. No entanto as hemorróidas que nada mais são do que varizes complicadas do esfíncter anal são muitíssimo comuns nas grávidas.


Na gestante o tratamento das varizes se inicia pelas medidas preventivas que são simples, práticas e eficientes. Em primeiro lugar a mãezinha deve usar roupas largas e confortáveis, evitar sapatos de salto e evitar permanecer por muito tempo em pé e parada. Sempre que possível ao repousar manter as pernas elevadas favorecendo o retorno venoso e o uso de meias elásticas de compressão calçadas pela manhã e retiradas no inicio da noite são atitudes excelentes para minorar o problema. Quando não há melhora do quadro o uso de medicamentos específicos sempre receitados pelo obstetra que assiste a paciente pode ser fundamental. Desta maneira a expectativa é que a gestante possa chegar ao parto sem muitas complicações e sobressaltos até porque após o mesmo e num período de quatro a seis meses muita coisa volta ao normal e as varizes melhoram muito proporcionando à mamãe que se encontra totalmente envolvida com o novo ser que agora preenche sua vida uma sensação de bem estar e tranqüilidade. Bem, se isto não ocorrer então o jeito é procurar o médico vascular que, por certo, solucionará tal problema.


(*) O autor é médico e membro da Academia Venceslauense de Letras

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