
Neste período em que celebramos o dia dos namorados nada mais oportuno do que falar da paixão e do amor. Sim, porque apaixonados todos nós fomos ou estamos e amor todos sentimos ou pensamos sentir. Paixão e amor são essenciais à nossa vida e sem eles nada vale a pena!
No entanto existem enormes diferenças entre estes dois sentimentos embora possam se mesclar ou um, no caso a paixão, desaguar no outro. A paixão é transitória e perigosa...Ela muitas das vezes nos faz perder o juízo e nos leva a enormes desatinos. Já vimos casos em que a paixão provoca loucuras como, por exemplo, a pessoa deixar o seu trabalho por estar apaixonada por alguém, a menina fugir de casa para viver a sua paixão. Tenho um amigo que me contou que, apaixonado pela garota, passava as noites acordado diante da casa da moça apenas para vê-la e não conseguia fazer mais nada. A paixão depende de um estímulo externo, ou seja, ela é de fora para dentro: é a beleza da mulher ou sua voz ou sua postura que nos faz apaixonar e por certo não vai durar para sempre...Os apaixonados perdem a noção do tempo e da realidade e desenvolvem um sentimento possessivo que acaba neutralizando tudo. Quando ela vai embora, quando vai, o despertar para a realidade nos deixa com enorme sensação de ridículo. Às vezes, no entanto, com o passar do tempo ela evolui para o amor!
Ah! O amor! Diferente da paixão o amor é duradouro, às vezes, eterno... Não, não é possessivo! Quem ama está sempre pronto a demonstrar para o ser amado o seu carinho, a sua atenção a sua dedicação! Quem ama nada exige, está sempre disposto ao perdão e compreende sempre os pequenos deslizes do outro. Enaltece a vida do ente querido e quer sempre fazer com que ele se realize até nas pequenas coisas, que seja feliz e que a vida lhe seja cada vez mais perfeita. Sentimento que vem de dentro para fora, que nasce na pureza da alma o amor não pede trocas e sempre se renova até nos mínimos detalhes. É como o amor da mãe pelo seu filho que nunca esmorece mesmo que ele não o mereça mais; é um amor tão profundo que, eu diria, é além da vida!
Engraçado que, com muita frequência, a paixão, desenfreada, maluca, inconsequente, evolui com o passar do tempo, com o amadurecimento, para o verdadeiro amor onde o respeito, o sentimento de amizade, o carinho e a cumplicidade escrevem a mais linda história de nossas vidas!
No dia dos namorados vi um casal de velhinhos, de mãos dadas, passeando pela praça. Ela já claudicante se escorando no braço forte do amado e ele, todo ternura, lhe mostrando os passarinhos nas árvores e as flores do jardim. Ao conversar com eles fiquei sabendo que há 60 anos estão casados e que ela sofre de Alzheimer e não o reconhece mais. Mas isto não importa, ele sabe que ela é a sua amada e isto para ele é o bastante! Eu acredito no amor e sei que ele pode e é eterno!
(*) O autor é médico e membro da Academia Venceslauense de Letras