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Dezembro: Natal e esperança


Em março de 2020, de repente, a humanidade se deparou com a incrível constatação de que somos frágeis e que nossas vidas são fugazes. Nós, os humanos, que progredimos tanto nos últimos séculos, que chegamos à era da tecnologia avançada, que estamos conquistando o espaço sideral, que aumentamos, e muito, nossa expectativa de vida, simplesmente, sem esperar, nos deparamos com um inimigo misterioso, oculto, extremamente perigoso, que ceifou a vida de milhões e milhões de pessoas no mundo, quebrou a economia universal, transtornou nosso dia a dia, nos obrigou a mudar nossos hábitos, nossas condutas e mostrou que nada somos, que somos perecíveis e mortais...havíamos nos esquecido disto! Um vírus que às vezes nem é considerado um ser vivo, surgido do nada, estabeleceu o pânico, ceifou vidas de familiares, de conhecidos, de famosos numa cabal demonstração de que ainda temos muito a avançar. Então surgiu aqueles que disseram “o que podemos fazer...” desistindo de lutar mas a maioria mudou as reticências da frase pelo ponto de interrogação “o que podemos fazer?” e foram à luta para vencer a maior batalha do mundo moderno. Cientistas, médicos, voluntários, em cada canto deste planeta se reuniram, se dedicaram diuturnamente, se sacrificaram, entregaram suas vidas para vencer a covid 19 e neste dezembro de 2021 respiramos melhor e surge sinais de que podemos, se não vencer, pelo menos controlar esta pandemia. Concordo com o parecer de muitos profissionais da saúde que consideram que ainda vamos lutar por muitos anos com este flagelo; ainda não vencemos definitivamente apenas mitigamos nosso sofrimento. A luta continua...


Chegamos a dezembro e agora vamos comemorar o natal. Em muitos lares estaremos chorando nossos entes queridos que a pandemia levou mas, como natal é renascimento, como comemoramos neste mês o nascimento de Jesus, o filho de Deus Pai, talvez este seja o momento de aceitarmos nossa fragilidade e nossa pequenez e rogarmos ao Senhor a sua benção e sua proteção para que nossa existência continue a fluir apesar de tudo...Talvez neste natal possa renascer em nossa alma a fé em Deus e possa surgir em nossos corações a esperança de dias melhores. Este, sem dúvidas, será o melhor presente que iremos receber em nossas vidas.


Dizia o doutor Rubens Alves, emérito professor da UNICAMP, falecido em 2014: “temos que saber diferenciar o otimismo da esperança: o otimismo pressupõe que temos primavera e flores dentro de nós e temos também primavera e flores fora de nós e a esperança determina que tenhamos primavera e flores dentro de nós mesmo que inverno e tempestades estejam a nos fustigar fora de nós”.


Assim, desejo do fundo do coração, que todos tenhamos neste natal a esperança e que ela, preenchendo nosso ser, possa nos levar a conquistar muito em breve o otimismo em nossas vidas.


Feliz Natal!


(*) O autor é médico e membro da Academia Venceslauense de Letras

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