No próximo domingo comemoramos o dia dos pais. Como disse um amigo: “dia dos pais deveria ser todos os dias”. De fato; mas vamos nos ater a algumas reflexões sobre ser pai. Fugindo dos clichês considero que a tarefa da paternidade é extremamente difícil e exige dedicação, sacrifícios e coragem dos que se atrevem a realizar este ato. Por que entendo que ser pai não é apenas colocar um novo ser no mundo mas, fundamentalmente, acompanha-lo para o resto de sua existência. Lógico que nem sempre isto acontece e por isso fica mais evidente a extrema dificuldade desta tarefa.
Antigamente o conceito de pai era de provedor, ou seja, cabia a ele prover a sua família de todas as suas necessidades quer na alimentação, no vestuário, na saúde e assim por diante. À mãe cabia a educação dos filhos e a administração da casa. As mulheres não trabalhavam fora e assim, no recesso do lar, cuidavam destas atividades. O pai, salvo as exceções, eram bastante ausentes da convivência com os filhos que na maioria das vezes tinham verdadeiro receio deles. Lembro-me de uma mãe que, quando o pai chegava, orientava seus filhos a ficarem distantes e silenciosos para não atrapalhar “o chefe da casa”. Até a metade do século vinte esta era a realidade. Mas o tempo passou e a vida sofreu mudanças profundas. A mulher conquistou o seu espaço, começou a trabalhar fora de casa e a participar ativamente da sustentação do lar. Com a chegada do contraceptivo a partir dos anos 50 conseguiu o controle da natalidade e passou progressivamente a ocupar espaços cada vez mais significativos na sociedade. Por outro lado as próprias prioridades da vida moderna exigiram que o homem deixasse cada vez mais a postura de provedor e chefe absoluto e se adaptasse a uma vida mais compartilhada e participativa junto a sua família. O patriarcalismo esmoreceu sobejamente e, neste século 21, em que a estrutura familiar se modificou em seu cerne a tendência é desaparecer.
O pai moderno é, portanto, totalmente diferente do pai de antigamente: participa ativamente do dia a dia da casa, aprendeu a cozinhar (e gosta muito de fazer isto), faz faxina, troca as fraldas do seu bebê, brinca com as crianças maiores e orienta os filhos nas suas escolhas de estudos e profissões que vão estruturar suas vidas futuras. Não empurram nem puxam seus filhos mas se colocam ao lado deles como amigos mais experientes para com eles conseguirem grandes avanços. Torcem e vibram muito com as conquistas de suas “crianças”! Sim, porque para o pai mesmo os filhos envelhecidos e cinquentões continuam sendo suas crianças. Vi pais chorando emocionados quando um filho entra numa faculdade e vibrando muito com cada uma de suas vitórias. É, o pai mudou! Mais humano e carinhoso, mais amigo e mais sincero se tornou não mais o chefe absoluto mas sim o porto seguro da família, o conselheiro sábio e experiente que coloca luz no caminho de todos.
Este pai atual, amigo, companheiro, participativo, merece de todos nós o respeito, a admiração e o amor fraterno que é a maior recompensa que podem ter. E devemos enaltece-los para que todos possam seguir o caminho que eles trilham.
Então neste dia dos pais vamos reverenciar os pais do passado que, a seu modo, estruturaram suas famílias mas vamos homenagear os pais do presente pedindo a Deus, o Pai de todos nós cristãos, que os proteja, abençoe e guarde por que são absolutamente essenciais à nossas vidas!
(*) O autor é médico e membro da Academia Venceslauense de Letras
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