Os municípios brasileiros encontram muita dificuldade de controlar a dengue. Em Presidente Venceslau, por exemplo, neste ano já atingimos mais de 480 casos de dengue e 04 óbitos provocados pela doença.
Como acabar com a dengue?
Uma série de fatores contribui para a proliferação do mosquito transmissor, tornando impossível sua erradicação. Para especialistas, a solução está na educação e em tecnologias para prevenir a doença.
O descontrole e proliferação do mosquito Aedes aegypti, causador da dengue, está relacionado ao crescimento urbano desordenado, urbanização precária, falta de fornecimento regular de água, de saneamento básico, de coleta regular de lixo, de política de reciclagem e de educação para a promoção de saúde.
Por conta disso, os esforços de combate ao Aedes aegypti reúnem uma sucessão de batalhas inglórias.
O primeiro caso de dengue documentado clínica e laboratorialmente no Brasil data de 1981, em Boa Vista (RR). Contudo, de acordo com o Instituto Oswaldo Cruz, há relatos de ocorrência da doença em Curitiba, no fim do século 19, e em Niterói (RJ), no começo do século 20.
O mosquito Aedes aegypti, originário da África, provavelmente chegou ao território brasileiro pelo menos 100 anos antes - acredita-se que tenha vindo a bordo de navios negreiros.
Mas é possível vencer o mosquito transmissor da dengue? “A possibilidade de erradicação do Aedes aegypti é virtualmente impossível”, afirma o biólogo Magno Botelho, especialista em meio ambiente da Universidade Presbiteriana Mackenzie. “Mesmo localmente, se um município conseguisse essa proeza, rapidamente mosquitos de regiões vizinhas repovoariam esse local.”
O problema é complexo. Porque há uma conjunção de fatores favoráveis para que o mosquito prolifere no Brasil. As condições ambientais são extremamente favoráveis, com temperaturas variando entre 20 e 40 graus na maior parte do território.
“Além disso, as regiões mais densamente povoadas, como Sul e Sudeste, têm regime de chuvas adequado ao ciclo reprodutivo do mosquito, que ainda por cima é extremamente adaptável às eventuais variações climáticas tropicais”, afirma o biólogo.
“É um problema sanitário e climático”, define o médico patologista Paulo Saldiva, professor da USP. Ele lembra que a proliferação do mosquito é resultado não só das condições tropicais, mas também do crescimento desordenado das cidades e da precariedade do saneamento básico. “A procriação do mosquito está associada ao acúmulo de lixo, por exemplo”, diz.
“Não acredito que com a tecnologia que dispomos atualmente o Brasil vá se ver livre da dengue”, afirma o médico Celso Granato, professor de infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Cingapura, que é muito menor do que o Brasil e tem mais dinheiro, não conseguiu.”, exemplifica.
“Precisamos mudar a estratégia”, completa Granato. “O mosquito é muito adaptado ao meio ambiente, ele cresce em qualquer garrafinha PET, se aproveita da chuva. Então é muito difícil debelar a dengue com fumacê e esses químicos que a gente usa.”
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