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Em Pauta: O legado de Maria Ângela D'Incao


"A vida é um sopro". Nosso tempo aqui na terra expõe conquistas, dissabores, acasos, desejos e obstinação. Não raro também sucumbimos à própria sorte. A era digital com a Inteligência Artificial acelerou ainda mais a velocidade e transformação do mundo. O homem cria, recria e transforma, sim, transforma o que colheu no passado, presente e, agora, projeta o futuro.


Nesta quarta-feira, 29, a socióloga Maria Ângela D'Incao deixou a vida terrena. Nos seus 82 anos não suportou a fragilidade da sua saúde física.


Mas nenhuma dúvida que, enquanto sã e consciente, deixou seu legado, enfocando aspectos sociais e culturais, sobretudo na preservação de valores e bens para uma sociedade mais fraterna e justa.


Nascida em Taubaté (SP), Ângela viveu e cresceu grande parte da sua vida em Presidente Venceslau. Filha de Manlio D'Incao, de família tradicional, e Arthurzina de Oliveira D'Incao, professora, diretora e escritora das mais respeitáveis no município, Ângela plantou sementes que dignificam sua importância para história recente da nossa urbe.


Polêmica às vezes e incompreendida por suas posições, Ângela "brigou" muito para preservação e restauração da torre e o Casarão que pertenceram à família de Álvaro Coelho. Fez campanhas, incursões diversas e até chegou a conseguir o início da restauração.


Lembro-me que, a todo custo, Ângela batalhou para que o poder público municipal adquirisse ambos os imóveis considerados históricos no município. Quis o destino que a aquisição fosse feita por um particular, o arquiteto Júlio Fernando de Souza Martins, um apaixonado por restauros.


Preocupada com a necessidade de apoiar a cultura e a educação no município, Ângela ainda criou a SACEA (Sociedade dos Amigos da Educação e Cultura). Enquanto esteve ativa, a SACEA foi importante para se ter um ambiente de valorização cultural e patrimonial das coisas do município.


Ângela encetou uma luta em vão para não permitir, por exemplo, que as pedras das principais avenidas do município não fossem cobertas pelo asfalto.


Criou sua editora de livros, a Letras à Margem, publicando obras de alguns autores ligados ao município e região, entre os quais, Lauro Velasco, Edmar Cunha de Castro e Zelmo Denari.


Chegou a ocupar por alguns meses o cargo de chefe do setor de Cultura na Prefeitura de Presidente Venceslau, na administração Osvaldo Melo.


Foi uma das criadoras e incentivadoras da Academia Venceslauense de Letras.


Na vida acadêmica, Ângela graduou-se em Sociologia (Ciências Sociais) pela USP, fez pós-graduação na Unesp/Araraquara e pós-doutoramento na Universidade de Oxford, na Inglaterra.


Por um período, residiu em Belém (PA) para atuar em projetos sobre as relações sociais e culturais da Amazônia.


Publicou livros, entre os quais, "Presidente Venceslau - uma região, a cidade e sua gente", com coletânea de fotos marcantes do município.


O passamento de Ângela nos entristece e ao mesmo tempo nos revigora para seguir em frente.


Afora opiniões contrárias pela maneira como agia, Ângela foi uma guerreira enquanto tinha forças para defender suas ideias e posições.


Com certeza fará muita falta para os apreciadores da arte, cultura e educação.

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