![](https://static.wixstatic.com/media/d94505_24d13fb5bcce4bc99a3a7fc50029ed3d~mv2.png/v1/fill/w_81,h_44,al_c,q_85,usm_0.66_1.00_0.01,blur_2,enc_auto/d94505_24d13fb5bcce4bc99a3a7fc50029ed3d~mv2.png)
A juventude de hoje está nem ai para o Carnaval. Aproveita a folia para praias, rios, curtir o sol, namoricos e sex appeal. Ligados nas redes sociais, expõe gostos - mesmo fúteis -, encontros, selfies eróticos e gírias cibernéticas.
Volto à minha juventude, aqui nessa urbe entremeada pelo espigão divisório da linha férrea, onde o Carnaval era um deleite, com marchinhas, paqueras, confete e serpentina agarrados à pele, inimagináveis. O som do trompete abrindo e fechando o velho Clube, as escadas de acesso, as voltas pelo salão, os trenzinhos, o par ideal para brincar e depois sentar-se ao chão com suor e copo de guaraná, eram cenas comuns daquela época.
Dias antes da Festa do Momo o clima já esquentava nas rodas de amigos. Batucada, preparativos dos blocos, fantasias, davam o tom. Nos clubes, sobretudo, havia enorme expectativa para os cinco dias de folia. Sim, começava na sexta-feira e se encerrava na terça-feira, com duas matinês para a garotada.
No "velho" Venceslau Clube, a banda, com sopros de metais, uma boa cozinha de percussão e o cantor davam o tom das marchinhas mais conhecidas e tocadas. Refiro-me à época que vivenciei a folia por aqui.
Hoje, ao subir as escadas do Venceslau Clube e fazer uma panorâmica do salão, fico imaginando como aquele pequeno espaço abrigava os venceslauenses, as mesas expostas próximas às janelas, o vão externo com suas grades, e o palco e suas colunas.
No final dos anos 70, surgiu o Coroados Tênis Clube, iniciativa de um grupo de venceslauenses, boa parte ligada ao Lions Clube. Localizado em área nobre da cidade, o Coroados vivenciou os melhores carnavais a partir de então.
Era praxe a presença de foliões de outras cidades para curtir a folia. O Coroados, à época, tinha um glamour indescritível e que cativava a todos. Um tempo em que as bandas que animavam a folia tinham no repertório, além das marchinhas, sambas enredo, e axé, um tempo em que os blocos faziam a diferença no salão, sobretudo o Bloco da Manha, que marcou época por fantasias criativas e que vencia todos os concursos.
Havia também os carnavais populares, estes promovidos pela Prefeitura. Assim como carnavais no velho e extinto salão do Corintians, no salão da AREA e no Plimec.
Venceslau também experimentou um período com carnavais sendo realizados na praça do Correio. Como chefe do setor de Cultura na gestão Malacrida, pude organizar durante três anos a folia na praça, com a presença dos melhores músicos da região, cooptados por Aylton Correia.
De uns anos para cá, a folia na praça também acabou. Hoje, o folião venceslauense ficou preterido de curtir o carnaval em sua própria urbe. A alternativa mais próxima é Presidente Epitácio, que tem como atração principal o desfile das escolas de samba.
O desinteresse da juventude pelo Carnaval das marchinhas é explicado pela geração índigo, nascida na plenitude da era da cibernética. Juventude esta que curte outras formas de viver e encarar o mundo. Aquela que está atrelada aos celulares, às selfies, stories, cujos gostos e afazeres se contrapõem ao passado remoto dos velhos carnavais.