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Enem: 4 alunos de pontuação máxima dão dicas para redação nota mil

Com G1

Entre os 2,7 milhões de candidatos que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023, 60 tiraram a nota máxima na redação. E nesse grupo, apenas quatro eram estudantes de escola pública. Que dicas eles dão para que esse time aumente na próxima edição da prova?


🎖️Abaixo, veja as estratégias dos quatro “medalhistas”.


1- Estude a estrutura da redação do Enem.

Gabriela Gurgel, de Natal, fez o ensino médio no Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) e prestou o Enem como treineira em 2019, 2021 e 2022.


Foram anos de preparo para que, em 2023, ela tivesse um bom desempenho na edição que finalmente valeria uma vaga na universidade.

“Escrevia uma redação por semana e mandava para uma professora da escola, para que ela corrigisse. Ela me sugeria alguns temas; outros, eu pegava ‘por fora’”, conta Gabriela, de 20 anos.

“Uma dica para os candidatos? Eu diria para ninguém esquecer que a redação do Enem tem uma estrutura básica. Eu revisava essa parte teórica por vídeos no Youtube.”


📝Resumo da estrutura:


  • Texto dissertativo-argumentativo, em escrita formal da língua portuguesa (ou seja, o estudante deve argumentar para defender um ponto de vista).

  • Introdução: apresentação da tese e contextualização da situação-problema.

  • Desenvolvimento: no mínimo, dois argumentos que sustentem a tese (caprichando em exemplos e em citações de livros, filmes ou filósofos, por exemplo).

  • Conclusão: elaboração de uma proposta de intervenção completa (com ação, agente, meio de execução, finalidade e detalhamento), pensada para solucionar o problema proposto naquela edição da prova.


2- Memorize previamente exemplos de repertórios culturais.

Na argumentação, como explicado acima, é importante que o candidato demonstre ter repertório sociocultural. Ou seja: ele deve citar referências que, de alguma forma, contribuam para reforçar os argumentos defendidos. Isso pode ser feito por meio de menções a filósofos, a obras de arte, a séries de TV ou a músicas, por exemplo.


Amanda Teixeira, de 18 anos, garantiu a nota máxima na dissertação do Enem ao caprichar nessas citações. Foi uma dica que ela aprendeu em um cursinho on-line de redação no qual estudou por um ano, enquanto terminava o ensino médio em um colégio estadual em Muqui (ES).

“Já fui para a prova com algumas ideias em mente de livros ou músicas que poderiam servir para vários temas. Acabei escolhendo citar Lévi-Strauss [antropólogo francês - 1908-2009] e Thomas Hobbes [filósofo e teórico político inglês - 1588-1679)”, conta.

A aluna explica que foram dois “divisores de águas” em seu preparo:


  • o curso on-line, que proporcionou conhecimentos específicos sobre redação;

  • e a estrutura de sua escola pública, que ofereceu aulas de reforço em português e matemática.


3- Foque em uma estratégia só.

Amanda acrescenta mais uma dica: no desespero de buscar mais fontes de informação, o ideal é não “atirar para todos os lados”.

“Quer fazer um curso? Foque no curso. Não adianta ficar atrás de vários criadores de conteúdo, porque eles vão acabar falando de coisas que você nem está estudando ainda. Bagunça a mente, sabe? O excesso de informação vai atrapalhando”, diz.
4- Leia redações nota mil de outros anos.

A terceira ex-aluna que tirou nota mil foi Maria Luiza Januzzi, de Valença (RJ). Ela conta que o colégio estadual no qual estudou tinha um diferencial: fora do horário normal, os alunos podiam tirar dúvidas ou aprender conteúdos extras com os professores.

“Era uma diferença muito grande em relação a outras escolas da região. A equipe inteira estava sempre disposta a nos ajudar”, conta. “Houve corte de verbas e turmas fechadas. Se o apoio fosse maior, ainda mais oportunidades teriam surgido [para os alunos].”

Para aumentar ainda mais as chances de uma boa nota na redação, Maria Luiza organizou sua própria rotina de estudos em casa. Chegava do colégio à tarde e cuidava de seu irmão de 2 anos durante a tarde. À noite, então, mergulhava nas videoaulas e nos treinos de escrita.


“O que fez diferença foi buscar textos ‘nota mil’ de determinado tema e comparar com o que eu havia escrito. Fui aprendendo com os meus erros.”



5- Treine e preste atenção aos erros que você comete.

Matheus Barros, de 17 anos, entrou no grupo de quatro ex-alunos de escola pública na contagem do Inep, mas estudou apenas o primeiro ano do ensino médio em um colégio estadual.


“Mudei para uma escola particular no meio [da etapa], porque quero fazer medicina e precisava de um estudo de mais qualidade”, explica o jovem, morador de Paraíso do Tocantins (TO).


A estratégia de preparo que ele adotou rendeu bons resultados na redação: sua nota saltou de 780 pontos para 1.000, de um ano para outro.

“Eu passava a maior parte do dia na escola. Quando não estava lá, fazia exercícios em casa. E esta é minha dica: aproveitar esse tempo de estudos para treinar e corrigir os próprios erros. Foi o que fez com que eu melhorasse tanto meu desempenho”, diz.

Amanda também seguiu essa estratégia. “É importante ter alguém que aponte suas falhas. Eu sempre errava na competência 3, porque colocava argumentos e não os desenvolvia. Mas consegui evoluir ao longo do tempo”, conta.


6- Não viva só em função dos estudos.

Passar pela maratona de Enem e vestibulares é também um desafio emocional de controlar a ansiedade. “É uma rotina estressante, associada a um medo muito grande de não passar na faculdade. É um dia a dia de privação: a gente deixa de sair, deixa de ver nossas séries”, descreve Gabriela.


Amanda também passou por esse período de estresse, e, por isso mesmo, recomenda que os candidatos do próximo Enem tentem “pegar mais leve”. Ela buscou apoio nos pais, trabalhadores rurais de Muqui.


“É preciso estudar com estratégia e não perder as coisas mais importantes da vida, como curtir a família e os amigos”, aconselha. “Não dá para viver só em função dos estudos; precisa espairecer a mente.”


É claro que não é fácil achar o equilíbrio. Maria Luiza, também do “clubinho dos nota mil”, diz que foi difícil conciliar os estudos com as obrigações do dia a dia, e ainda ter momentos de lazer.

“Mas é gratificante. Vou ser a primeira pessoa da minha família a poder fazer faculdade. Estou feliz de poder mudar esse padrão”, conta ela, que busca uma vaga em medicina.

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