Erbella, hoje com 88 anos, é a maior expressão viva e representativa do município de Presidente Venceslau, que hoje está completando 97 anos. Prefeito por três vezes, deputado estadual e secretário de Estado, Erbella é um estudioso sobre as coisas de Presidente Venceslau. Anos atrás, lançou o livro “Nossa Terra, Nossa Gente”, onde reporta a história do município, desde o surgimento até os dias atuais.
Nessa entrevista, Erbella, agora recolhido em seu lar ao lado de sua esposa Alayde - foto, expressa seu sentimento de gratidão pela cidade e destaca momentos de sua trajetória como homem público.
TL: Hoje, Presidente Venceslau está completando 97 anos de emancipação político-administrativa. O que isso representa para o cidadão Inocêncio Erbella?
Erbella - Meu caro amigo Jamil, sem liberdade de ação - para poder agir - pessoa alguma consegue construir algo para o bem comum! Nosso município só adquiriu essa condição no ano de 1926, quando foi criado e se desgarrou do jugo de Santo Anastácio, de quem era distrito. Assim, neste dia 02 de setembro, vamos comemorar 97 anos de emancipação político-administrativa, situação que alcançamos aqui veio morar - já casado com dona Carmem Ribeiro, mulher inteligente e preparada - como representante e administrador de uma empresa que se dizia dona de grande área de terra nesta região. Pessoa hábil (consta que fora padre e formado em engenharia pela Universidade de Coimbra), Álvaro Coelho tratou inicialmente de regularizar as terras, através de advogado que contratou e cuja finalidade alcançou rapidamente. Isto feito, dividiu a propriedade em lotes de 24,2 hectares e 48,4 e os negociou, reservando áreas maiores, que também foram vendidas. Considere-se que a esta altura já fora construída aqui a estação ferroviária e o grande armazém para abrigar a produção de produtos agrícolas, obras levantadas pela empresa de João Ribeiro, português que também se radicou em Presidente Venceslau e que teve importância fundamental no desenvolvimento do município. Álvaro Coelho a partir daí se entregou a tarefa de colonizar Presidente Venceslau, fazendo muita propaganda das terras que mostrava serem de excelente qualidade, tanto no Brasil como no exterior. Atraiu, assim, imigrantes de várias nações do mundo, especialmente alemães (formaram a colônia Aimoré), húngaros (criaram a colônia Arpad), além de portugueses. Italianos, espanhóis e japoneses que se espalharam pela sede do município e bairros rurais. Assim se responde a sua pergunta sobre o que aconteceu para o progresso de Presidente Venceslau, que, na verdade, floresceu por intervenção direta do governo estadual, que precisava de terras para localizar os imigrantes que aportavam no Estado a procura de terras para plantar café e que estendeu os trilhos da EFS até as barrancas do Rio Paraná e da intensiva propaganda de Álvaro Antunes Coelho no Brasil e no exterior. Este meu relato é produto da minha memória, onde se aglutinou em virtude das pesquisas que fiz para escrever o livro sobre Presidente Venceslau e agora trazidos para você com urgência para publicação e que deve ter muitas falhas, pois minha memória anda muito fraca e sua urgência muito forte.
TL – Ao longo de sua trajetória, o senhor praticamente se dedicou à vida pública, sendo prefeito por três vezes, deputado e secretário de Estado. Hoje, ao analisar a política em geral, valeu a pena essa dedicação?
Erbella - Claro que valeu a pena. Hoje, com a ampla e verdadeira liberdade de imprensa, as críticas são muitas, mas posso assegurar que, sobre a proteção de Deus, dei de mim tudo o que possuía para dar, e vivo, hoje, numa atuação, através dos tempos de toda gente, numa comunidade excepcional, que se não é a maior está entre as melhores deste país.
TL - O que o levou a entrar na vida pública?
Erbella - Sem dúvida alguma quando, por vontade dos céus que levou para ali viver meu companheiro e protetor Ernane Murad, com menos de 25 anos, assumi a Prefeitura e pude cumprir as promessas que fizemos durante a campanha.
TL – Do que o senhor se arrepende de ter feito em sua trajetória de homem público?
Erbella - De muita coisa. Mas, a resposta já a dei ao responder as perguntas anteriores. Agora, não adianta a aflição por ter sido infeliz ao tomar algumas atitudes, principalmente no campo eleitoral. Não posso corrigi-las. Só posso pedir perdão a Deus nas minhas orações, o que faço constantemente.
TL - Essa identificação e predileção pelas coisas e fatos de Presidente Venceslau o fizeram lançar o livro “Nossa Terra, Nossa Gente”. Acha que valeu a pena?
Erbella - Escrevi o livro para tentar contar o desenvolvimento de Presidente Venceslau, produto de muitos anos de pesquisa.
TL - Ainda pensa em lançar novas publicações?
Erbella - Não
TL - Além de acompanhar os jogos do seu Corinthians, qual tem sido sua rotina em Presidente Venceslau?
Erbella - Ler muito. Hoje, em companhia da minha querida e orientadora Alayde, vivo uma velhice muito feliz, sempre amparado pelos meus filhos, numa cidade que se não é a maior está entre as melhores do Brasil em condição de vida. É verdade que há uma pequena porção da população que ainda precisa de uma atenção toda especial dos poderes públicos para atingir a dignidade exigida por todo ser humano.
TL - Mande uma mensagem para a população venceslaunse neste 02 de setembro.
Erbella - Neste 2 de setembro envio do fundo do coração um agradecimento todo carinhoso ao povo venceslauense que sempre me acolheu com amor.
Continue assim minha gente, isto é, sempre ungida de sentimentos solidários e comunitários que são as veredas para nosso futuro. Viva ‘Venceslau que se não é o maior está entre os melhores municípios do Brasil.
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