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História de Santo Expedito: quem foi o santo das causas impossíveis

Com UOL

Santo Expedito tem seu dia celebrado hoje (19), com o status de ser um dos santos mais famosos do catolicismo e o devoto de quem precisa resolver "causas impossíveis".


Quem foi Santo Expedito?

Sua história é uma das mais curiosas, envolvendo o fato de ter sido um militar e ter morrido decapitado. Relatos raros costumam situá-lo entre os séculos 3 e 4, em Melitene. O local era uma cidade que funcionava como base militar romana, no território que hoje é da Armênia.


Ele foi um mártir naqueles tempos em que a Igreja não possuía muito controle sobre as santificações, sendo essas aferidas pelas atas dos martírios que deram origem ao Martirológio. Foram e são muitos os mártires daqueles primeiros séculos do cristianismo. Ele teria vivido entre os séculos 3 e 4 da era cristã. Seria um soldado romano. Sua iconografia o apresenta em traje de legionário, vestido de armadura, túnica curta e manto jogado atrás das espáduas. - José Luís Lira, pesquisador e fundador da Academia Brasileira de Hagiologia, à BBC.


O hagiólogo Thiago Maerki, pesquisador na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e associado da Hagiography Society, nos Estados Unidos, explica que o registro de Santo Expedito constou do chamado Martirológio Jeronimiano, o mais antigo catálogo dos mártires cristãos, cuja autoria foi provavelmente de um religioso anônimo, mas costuma ser atribuída a São Jerônimo, eminente teólogo que viveu entre os anos de 347 e 420.


"Mas quase nada se sabe sobre sua vida [de Expedito] e é tudo muito controverso", acrescenta Maerki. "Mas, de qualquer forma, ele se tornou um santo extremamente popular. Santinhos com seu nome são comuns nas entradas da maior parte das igrejas no Brasil, e o Santo Expedito se tornou um santo querido no Brasil e em diversos outros países, muito cultuado."


O que diz a história oficial

A história que acabou se tornando a versão oficial sobre Santo Expedito foi a de que ele teria sido um militar romano de alta patente, comandante da 12ª legião, também chamada de Fulminata, cujos homens estavam arregimentados em Melitene.


A missão do batalhão era proteger o império romano de potenciais invasões de povos do oriente. Sob o comando de Expedito estariam quase 7 mil soldados.


Como ele professava o cristianismo, acabou sendo alvo das sanguinárias perseguições do imperador Diocleciano (243-312). E, no dia 19 de abril de 303 teria sido ele martirizado e decapitado com espada, depois de ter se negado a converter-se aos deuses pagãos. "[A condenação] foi juntamente à de seus soldados", conta Maerki.


Segundo o pesquisador, essa é a história mais recorrente sobre Expedito. Relata-se também que sua conversão ao cristianismo teria ocorrido de forma milagrosa, já que ele estaria decidido a abraçar a nova fé enquanto era tentado por um demônio, que lhe aparecia na figura de um corvo, dizendo "amanhã, amanhã". "Ele teria pisado na criatura, esmagando-a e dito: hoje", narra Maerki.


Por isso acabaria se tornando um santo evocado para causas urgentes, que jamais podem ser adiadas.


É por conta desse relato de morte em defesa da fé que Expedito acabou reconhecido como santo. "O martírio é a forma primeira de santificação. Ele se propôs a defender sua fé de tal forma que derramar seu sangue não era problema, mas, defender sua fé, sim. Por isso ele se tornou mártir, por não renegar a fé cristã", explica Lira. "Nisso consiste a santidade mártir. Forma de santidade ainda tão presente entre nós nos dias de hoje."


Devoção

Em Turim, na Itália, é antiga a celebração a ele como padroeiro dos mercadores. No Brasil, por sua vez, o culto acabou se disseminando por conta dos policiais militares. "Consta que a devoção no Brasil se proliferou nos anos 1980, mas, desde 1943 existe o município de Santo Expedito, em São Paulo, e outro homônimo acrescido do termo do Sul, no Rio Grande do Sul, criado em 1992", diz Lira.


"Os policiais militares brasileiros o tem por patrono. E assim, com a divulgação de suas orações aliada à divulgação de graças alcançadas, justificam essa popularidade no Brasil."


A ideia dele como o santo que resolve as coisas urgentes tem duas explicações. A primeira é essa lenda em que ele teria derrotado o corvo satânico que queria que ele sempre adiasse a conversão. A outra é a própria ideia do "expedido", como uma coisa postada e enviada rapidamente. "Daí a tradição e a ocorrência de graças tem confirmado que ele é o santo que atende muito rapidamente aos apelos dos fiéis", diz o hagiólogo Lira.

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