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Perfil ajuda a encontrar pais de crianças perdidas no RS

Com UOL

Imagem: Arquivo Pessoal


Para ajudar crianças perdidas durante as enchentes que castigam o Rio Grande do Sul a encontrarem os pais, três amigas se uniram e criaram um perfil no Instagram que já conta com mais de 87 mil seguidores —e o número não para de crescer.


O que aconteceu

O perfil visa divulgar imagens e nomes de crianças que se perderem dos pais durante as enchentes no Rio Grande do Sul e estão sendo cuidadas nos abrigos provisórios abertos pelas prefeituras das cidades atingidas e pelo governo do estado.


Criado no sábado (4), o serviço já possibilitou o reencontro de aproximadamente 30 crianças perdidas com seus pais ou responsáveis. A maioria na região de Canoas e Porto Alegre, municípios mais afetados.


A ideia partiu da psicóloga Daniela Reis, que visita os abrigos, conversa com as famílias e ainda atua como voluntária na coleta e distribuição de mantimentos.


Ao UOL, ela conta que vivenciou vários momentos difíceis com as crianças, durante o trabalho voluntário. Ela diz que é difícil iniciar conversa com quem perdeu tudo e ainda por cima se perdeu dos pais. As perguntas que mais tem ouvido quando visita os abrigos são: "Cadê a minha mãe?" e "Cadê o meu pai?".


Crescimento rápido

Tocada pelo que vivencia como voluntária, Daniela pediu a colaboração das amigas, a especialista em branding Julia Medeiros, e a analista de dados e pesquisadora Yasmim Seadi para, juntas, criarem o perfil. Em entrevista ao UOL, as três explicaram que não imaginavam que, em menos de 72 horas, ele se tornaria essencial e conhecido. A cada hora, surgem pelo menos mil novos seguidores.


Tudo começou quando um amigo veio se abrigar aqui em casa e contou que no prédio onde morava uma criança foi encontrada sem os pais. Aquilo mexeu comigo. Depois, quando estava atuando como voluntária, auxiliando os desabrigados, ouvi uma vereadora comentando com outra pessoa sobre a existência de uma lista imensa de crianças que haviam se perdido dos pais. Naquele instante, passei uma mensagem para a Júlia, que trabalha com branding, redes sociais, e sugeri criarmos um perfil para divulgar os nomes dessas crianças.Daniela Reis


Júlia, que havia se mudado para Florianópolis há dois meses, abraçou a ideia e criou o nome do perfil (Achamos sua criança) e toda a comunicação visual. No sábado, elas idealizaram o primeiro post. Receberam algumas dezenas de mensagens, que depois de algumas horas se transformaram em centenas.


Começamos a receber mensagens de pessoas dizendo estar com crianças perdidas em suas casas. Virou uma loucura. Daí decidimos só divulgar crianças em abrigos. Muitas pessoas não têm mais documento, não têm mais telefone, não tem como comprovar que são pais ou responsáveis de crianças perdidas. E tem também os bebês, que não falam, e estão chegando bebês. A gente não sabe o nome desses bebês, a gente não sabe quem são os pais.Julia Medeiros


A dificuldade em tabular e cruzar as informações recebidas, como nomes, idades, endereços de residência, localização em abrigos, as levaram a convidar Yasmin, que passou a checar, desde ontem (6) todos os dados recebidos.


Para estruturar o sistema, as amigas pediram a colaboração de um engenheiro e dois cientistas de dados. Para validar as informações e se certificarem do que pode ser divulgado pela plataforma, o trio agora conta com uma advogada voluntária, Alesandra Busato, que presta consultoria.


A plataforma criada pelas amigas poderá ser utilizada pelo Conselho Tutelar em breve, gratuitamente. Desde o início, elas contam, a ideia era criar algo que pudesse ser utilizado pelo Poder Executivo na missão de reunir as famílias afetadas novamente.

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