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Recordações


Estive há alguns dias no I.E. Antônio Marinho, no período noturno, para fazer uma palestra aos jovens alunos sobre o outubro rosa, o novembro azul e sobre algumas doenças sexualmente transmissíveis que hoje voltaram a grassar entre os nossos adolescentes, principalmente a sífilis e o papiloma vírus. Convidado pela coordenadora de ensino, durante aproximadamente uma hora, levei a orientação necessária para nossos estudantes. No entanto a minha ida ao colégio me trouxe à memória o tempo em que, menino ainda, frequentei os bancos escolares do I.E. e com emoção pude rever partes do prédio que já existiam e conhecer setores que ainda não existiam no passado. Vejo as escadas internas do prédio principal e me recordo que na terceira e quarta série do então ginásio a minha sala ficava no terceiro andar, no fundo do corredor. Sala ampla, com enormes janelas envidraçadas, comportava cerca de quarenta jovens na época e era ali que aprendíamos as primeiras noções da gramática, da matemática, da geografia, das ciências e da cidadania.


Recordei que naqueles anos não tínhamos transporte e íamos a pé para a escola o que nos obrigava a levantar mais cedo; também não tínhamos a merenda escolar, os mais abastados se utilizavam da cantina, os menos favorecidos levavam a merenda de casa. De fato todos se alimentavam e não havia queixas. Respeitávamos os inspetores, os serventes e os professores que eram tratados com carinho e enorme consideração. Quando o professor chegava na sala todos levantávamos de nossas carteiras e só voltávamos a sentar quando ele determinava. Antes de começar as aulas ainda no pátio da escola nos alinhávamos diante da bandeira nacional, símbolo da pátria, e entoávamos o hino nacional com o sentimento de patriotismo e amor ao país que hoje parece não vermos mais. E nosso uniforme? Nossa! o vestíamos com orgulho e ostentávamos o nome do colégio com a convicção de que era o melhor da cidade. Assim era o nosso I.E. nos idos dos anos 60.


Evidentemente tínhamos nossos momentos de lazer. Por exemplo, na hora do recreio jogávamos um futebolzinho no pátio com bola de meia, trocávamos figurinhas ou participávamos de torneios de pião e bola de gude. Logicamente de vez em quando saia uma briga que era imediatamente contida pelos inspetores e eventualmente gazeávamos as aulas para namorar ou ir para o clube lá no final da Newton Prado se encontrar com outros amigos. Ah! Mas as ordens em casa eram severas. Qualquer queixa da escola sobre nossa atividade estudantil era punida com castigo avassalador: proibição de ir ao cine bandeirantes por dois fins de semana e proibição de ir tomar um “estudante” na sorveteria “Branca de Neve” após o cinema. Diferente de hoje em dia em que os pais super protegem seus filhos e chegam a agredir professores, no passado o mestre sempre estava certo e nossos progenitores apoiavam todo o ato praticado por eles. Assim fomos educados e assim fomos preparados para a vida. Escola pública, respeito pelos mais velhos, admiração e carinho pelos nossos mestres nos tornaram, na imensa maioria, excelentes pais de família, profissionais competentes, dedicados e honestos e, acima de tudo, cidadãos patriotas.


A minha visita ao antigo colégio me trouxe momentos de emoção, carinho e saudades. Lembrar-me de meus professores, dos amigos da infância, dos nossos folguedos da adolescência, fizeram meu dia seguinte muito mais leve e feliz! Afinal lembrando, aqui entre nós, o velho clichê “recordar é viver”!


(*) O autor é médico e membro da Academia Venceslauense de Letras

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