
Começou por puro amor. Meu primeiro neto, Daniel, nasceu há sete anos e alterou minhas convicções e meus limites. Enchi-o de amor, de carinho, de brinquedos e fui tomada por sensações indescritíveis de euforia e afeto sem medidas.
Os primeiros brinquedos que demos a ele foram 3 bichinhos de pelúcia: uma formiga, um dinossauro e um polvo. Um primor da indústria do entretenimento infantil. Foi amor à primeira vista: abraçar, jogar ao chão, sugar, parceria para dormir, companhia para as refeições, enfim, a mim me parece que esses foram seus brinquedos preferidos; e eu colaborei para isso, logicamente!
Enfim, no seu primeiro aniversário, me propus a criar uma história da interação entre meu netinho e a formiga. E essa ousadia prosperou: criei mais duas histórias: com o dinossauro e com o polvo. Concretizou-se, então, uma Trilogia chamada “Os amiguinhos de Daniel” composta pelos livros: “Shumi, a formiga amiga”, “Dino, o dinossauro carinhoso” e “Astolfo, o polvo desconfiado”.
E eu, professora do Ensino Fundamental II, Ensino Médio e Professora do Ensino Superior, colunista de temas adultos, descobri-me apaixonada por crianças e “autora” de livros infantis! Isso surpreende a mim mesma e talvez esteja surpreendendo minhas ex-alunas do Ensino Superior e amigas do Magistério. Mas é isso. Acredito que sou mais uma “metamorfose ambulante”.
Sempre adorei trabalhar com adolescentes e fui fisgada pela doçura e esperteza de meus netos Daniel e Bruno.
Meu fascínio é tão grande que meço essa nova geração pela régua de minha convivência com eles: acho que esses menininhos e menininhas nascidos na última década, têm tudo para mudar o mundo, tal é o desenvolvimento, a perspicácia e a inteligência que vejo neles. Parece-me que nascem com uma herança histórica positiva.
E para celebrar esse fascínio/amor, ousei mais ainda. No próximo dia 09, às 16 horas farei o lançamento dos livrinhos da trilogia na Praça do Bosque, ao ar livre, com máscaras, muito álcool gel e com surpresas para os pequenos leitores: pipoca, maquiagem infantil e fotos! A inexorabilidade do tempo me fez parafrasear Machado de Assis e “unir as duas pontas da vida: infância e maturidade”. A aquisição dos livrinhos está vinculada a um pacote de fraldas geriátricas que serão doadas ao Abrigo Esperança, objetivando o exercício da solidariedade e o respeito aos idosos.
Não sou exatamente uma escritora de obras infantis; sou, na verdade, uma avó exagerada (de certa forma!) que acredita que amor e cuidados, autoestima e orientações, otimismo e atenção podem moldar seres humanos melhores.
Para as crianças, brincar faz parte da vida; paradoxalmente, brincar é coisa séria; para elas brincar é “a vida” e a diversão eivada de imaginação merece respeito. Quem dera todas as crianças pudessem ter seu desenvolvimento físico, mental e afetivo pautado na ludicidade. E todos sabemos: ler alimenta a alma, amplia horizontes e o vocabulário, ensina naturalmente, ajuda a criança a elaborar conceitos e entender conflitos. Enquanto a criança não decifra letras e sons, é importante que alguém leia para ela e a ajude a “contar” o que entende pelas ilustrações. Ações simples assim podem determinar o surgimento de um leitor modelo.
Não sonhei escrever histórias infantis, mas acredite, agora estou sonhando que “Os amiguinhos de Daniel” cheguem às mãozinhas de muitas crianças e que todas possam alegrar-se com a narrativa e com as ilustrações maravilhosas feitas por Roberto Rodrigues, um ex-aluno muito querido! Que os livrinhos ajudem a colorir a vida e os sonhos do maior número de crianças possível!
“Um livro é um brinquedo feito com letras. Ler é brincar.” (Rubem Alves)
(*) Aldora Maia Veríssimo – Presidente da AVL