
Ela nasceu em 20 de novembro de 1931, na cidade de Pindorama, São Paulo. Filha de Thomaz e Assumpta, casou-se com Eronício, teve um filho José Eronildo que se casou com Margarete; tem dois netos: Jéssica e Murilo.
Formou-se no Curso de Modista, Datilografia e Taquigrafia. Vindo com a família para Presidente Venceslau, fundou a Escola Santa Maria onde ministrava aulas de Corte e Costura, Bordados, Datilografia, Trabalhos manuais e Redação.
Foi vereadora em duas gestões, nas décadas de 1960 e 1970. Participante de várias entidades de fundo social, em 1996, foi homenageada pela passagem do Dia Internacional da Mulher pela Divisão de Educação Municipal, por serviços prestados à comunidade, recebendo, na Câmara Municipal o diploma de Honra ao Mérito.
Eu a conheci há mais de cinquenta anos. Nunca tivemos exatamente proximidade; o que tivemos foi uma relação de admiração, provavelmente unilateral, de mão única, nutrida por mim em relação à grande mulher que ela sempre foi.
Estou me referindo à Dona Carmem Cavalheiro de Vasconcelos, que perdemos há alguns dias.
Quando adolescente, soube da vida de Carmem através de minhas irmãs mais velhas que foram suas alunas nos cursos profissionalizantes que ela, pioneiramente criou, direcionados, principalmente, para mulheres.
Minhas irmãs, as quatro mais velhas estudaram Corte e Costura e Bordado, como a esmagadora maioria das mocinhas da época. Esses cursos faziam parte da preparação, conforme os costumes, para serem mães e donas de casa. Impossível não perceber que essa aprendizagem colaborou muito para a vida de todas elas.
Eu, a irmã mais nova, estudei Datilografia, que me foi muito útil no desempenho do Magistério, quando ainda não havia computadores disponíveis.
Penso, agora, o quanto Dona Carmem foi uma mulher à frente do seu tempo. Abrir uma escola para prover as mulheres da época capacitando-as a costurarem suas próprias roupas e de suas famílias; ensiná-las a bordar enfeitando a vida e embelezando as roupinhas de seus bebês; ou mesmo instrumentalizar jovens na aprendizagem de Datilografia preparando-os para o trabalho em escritórios e afins.
Foi a primeira mulher a se eleger Vereadora, por dois mandatos, recebendo a confiança de alunos, ex-alunos e familiares de seus alunos. Seu engajamento nos trabalhos sociais fizeram dela uma figura ilustre, digna de homenagens por órgãos públicos.
Em 1958, costurou e doou 106 peças de roupas aos carentes da Sociedade São Vicente de Paula e em 1960, com auxílio de suas alunas, cortou e costurou toda a roupa necessária para a inauguração da Santa Casa local, somando 518 peças. Inúmeras vezes fez grandes doações de roupas, colocando seu talento a serviço da comunidade e ao mesmo tempo envolvendo suas alunas, contagiando-as com a nobreza de seu exemplo. Ensinou costura, bordado e datilografia durante duas décadas e diplomou quase 18000 alunos. Criou e oficializou seus próprios métodos de Corte e Costura e Datilografia.
Uma mulher exemplar, pioneira em suas ações, com visão primorosa das necessidades do momento, corajosa para se envolver em política em tempos idos, e ao mesmo tempo uma esposa preciosa, católica fervorosa, dona de casa e mãe de caráter irretocável, que serviu de exemplo às mocinhas casadoiras da época. Uma cidadã de postura admirável. Oxalá tivéssemos tido ou ainda tenhamos mais exemplos dignificantes como a saudosa Carmem Cavalheiro de Vasconcelos. E então, teríamos um mundo melhor!
“Uma mulher virtuosa é ao mesmo tempo sábia e graciosa, unindo suas forças e convicções em prol de suas realizações.”
(*) Aldora Maia Veríssimo – Presidente da AVL