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Universitários


Há dois anos, a convite da direção da Santa Casa, passei a ter contato com acadêmicos de medicina, do decimo termo ou quinto ano, que vieram fazer o seu internato em Presidente Venceslau como forma de ampliar seus conhecimentos e práticas em algumas áreas da medicina básica quais sejam a pediatria, a ginecologia e a obstetrícia. No primeiro ano estiveram aqui os universitários de Fernandópolis e desde o ano passado os estudantes da Unifadra, de Dracena. No início bastante inseguro já que, depois de formado, nunca havia ministrado aulas voltei aos livros procurando me preparar completando minha prática diária da Obstetrícia com as teorias emanadas dos compêndios e da Febrasgo (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia) cujos protocolos procuramos sempre seguir como forma de atualização permanente na especialidade.


E a convivência diária com os universitários tem sido importantíssima não só para ampliar meus conhecimentos mas também para me motivar cada vez mais a exercer com dedicação e denodo a minha especialidade; e isto tem sido maravilhoso!


Os acadêmicos atuais são completamente diferentes dos da minha época. Tendo passado por duas vezes pelos bancos escolares universitários, a primeira no final dos anos 60 na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Católica do Paraná em Curitiba e a segunda no final dos anos 80 na Faculdade de Direito da Instituição Toledo de Ensino estava acostumado a ver os estudantes debruçados sobre livros grossos e pesados, verdadeiros calhamaços, para auferir conhecimentos e ver professores em aulas magistrais usando no máximo “slides” para transmitir suas matérias. Hoje os futuros médicos vão à sala de aula munidos de um “Notebook’ onde acompanham as matérias com gráficos e vídeos completos sobre o assunto, tiram fotos com seus celulares dos slides expostos e debatem com o professor suas dúvidas enriquecendo desta forma o que está sendo ministrado. Além do mais mostram um vivo interesse pela aula e, questionadores, participam ativamente da exposição diferente do passado quando o aluno absorvia passivamente o que lhe era ensinado. Não sei informar quando estas mudanças começaram mas, seguramente, a informática e, principalmente, a internet tiveram e têm importância capital nisto. Se por um lado a mudança exige um preparo muito maior do preceptor por outro ficou muito mais fácil e completo qualquer ensinamento.


Mas o que vejo de mais importante nos universitários de agora é sua intensa atividade em sala, seu interesse extraordinário em aprender (salvo exceções que servem para confirmar a regra) e seu sentimento de fraternidade e solidariedade uns para com os outros e para com os mestres que são tratados com respeito mas com manifestações de carinho e atenção que outrora não eram comuns. Ficamos amigos e este vínculo favorece muito o aprendizado deles e a disposição que temos em ensinar.


Diferente do que imaginávamos os universitários de agora dão um show de interesse, participação e busca do conhecimento se preparando com afinco para o exercício de uma profissão que, considerada linda, é extremamente complexa e difícil exigindo de cada profissional que a exerce sacrifícios incomensuráveis e muitas das vezes mal compreendidos. A convivência com os jovens futuros médicos me mostram cabalmente que podemos ter sim confiança de que estes profissionais continuarão a enaltecer esta atividade que lida com a saúde e a vida das pessoas e é fundamental para todos nós. Isto é maravilhoso e podemos esperar um porvir melhor para nossas futuras gerações.


(*) O autor é médico e membro da Academia Venceslauense de Letras

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