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Restrição calorica: evidencias sobre o impacto negativo na saúde mental


Falamos nos últimos posts sobre o benefício da qualidade alimentar para saúde mental, mas será que restrições calóricas mais severas seriam benéficas?


Uma metanálise avaliou o impacto de dietas muito restritas em calorias nos sintomas de depressão e ansiedade. Apesar de ter sido encontrado um resultado geral positivo (redução dos sintomas de depressão), alguns pontos devem ser destacados:

  1. O resultado veio da comparação de sintomas pré e pós intervenção e não com um grupo controle. Além do viés metodológico desse tipo de comparação, fica impossível avaliar se uma dieta menos restritiva teria resultados melhores.

  2. Muitos estudos são antigos e o impacto de dietas restritivas precisa ser considerado no contexto atual.

  3. O resultado só foi benéfico com terapia comportamental associada, evidenciando que o trabalho multidisciplinar é necessário para melhora do bem estar psicológico.

  4. Só houve benefício quando um exercício de baixa intensidade foi implementado. O exercício ajuda a aumentar níveis de neurotransmissores associados ao bem-estar e diminuir o cortisol, reduzindo o estresse relacionado a restrição.

  5. Os participantes eram obesos e o resultado só foi positivo quando houve perda de peso >14kg. Esse achado não deve ser explorado para pacientes sem obesidade e, muito menos, naqueles em risco/apresentando comportamento alimentar alterado, nos quais uma dieta restritiva intensifica sintomas de depressão e ansiedade.

  6. Apenas intervenções com >8 semanas foram positivas, ou seja, é necessário adesão! Como dietas muito restritivas podem ser difíceis de aderir, seu efeito se torna limitado.


Portanto, o benefício da dieta de caloria muito baixa foi limitado a indivíduos obesos, que conseguiram aderir a estratégia, perderam muito peso e receberam terapia comportamental.


Deve-se ter cautela, pois a restrição calórica severa pode aumentar o estresse, irritabilidade e alterações de humor. Parece plausível que terapia e exercício ajudem a balancear esses efeitos negativos.


Além disso, a restrição calórica, quando necessária, deve estar associada a qualidade nutricional e padrão alimentar anti-inflamatório para que os efeitos, de fato, sejam benéficos.


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