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Amo orquídeas, mas adoro estudar

Atualizado: 20 de jun. de 2023



O ano era 1968. Eu frequentava o Curso Normal, de formação de Professores, no IE “Antonio Marinho de Carvalho Filho”. Estávamos na aula de Biologia, a professora nos pediu que formássemos grupos de 4 elementos onde deveria haver meninos e meninas. E assim fizemos. Ela então entregou a cada grupo um exemplar da revista Realidade. Com essa revista faríamos uma pesquisa que segundo ela seria marcante em nossas vidas. Esse seria o conteúdo que estudaríamos naquele bimestre. A revista Realidade era um êxito editorial na época. Teve seu lançamento por volta de 1966 e se destacava por um jornalismo ousado, informativo  e de qualidade. A revista que nos fora entregue era uma edição especial que trazia em fotos coloridas toda a evolução de um bebê desde a fecundação até a hora do nascimento.


A revista mostrava a vida intrauterina dividida em fases: 1º trimestre, 2º trimestre e 3º trimestre: embrião, feto e a prontidão para o nascimento.


Os tempos eram outros, não tínhamos acesso a essas informações de maneira tão clara, objetiva e em linguagem direta como a revista nos apresentava. As fotos mostravam todos os detalhes da formação do embrião, do feto e o nascimento. Devo confessar que nós, as meninas, sentimo-nos, a princípio, meio constrangidas, afinal tudo aquilo era novidade e muito íntimo para nossa ingenuidade. As fotos eram de uma clareza impressionante, fruto de um trabalho jornalístico impecável.


Surgiram conversinhas paralelas, formaram-se “pseudo casais” papais e mamães para os bebês em formação. Mas, realmente, vimos e aprendemos como se dava a evolução de um embrião, passando a feto e as circunstâncias de um parto normal. Foi mesmo um momento marcante em nossa vida escolar, em termos de informações e, por que não dizer, de preparação para o ‘casamento’ conforme alguns setores retrógrados da sociedade da época. Conforme dissera a professora Rosilux, essa atividade de pesquisa, marcou mesmo as nossas vidas. As imagens que visualizamos, as fases do desenvolvimento do bebê permearam as minhas duas gestações, sentia-me preparada (?) porque tinha gravados em minha mente  os detalhes da evolução desde a união do óvulo e do esperma até completar-se o ciclo para o nascimento de uma nova vida. Essa aprendizagem foi acessada também quando da gestação dos meus dois netos Daniel e Bruno. Acompanhei o surgimento e o crescimento do ventre de minha nora, sentindo-me ‘conhecedora’ mas com o interesse marcado pelo inusitado prazer de estar me tornando avó.


Agora todas essas memórias voltaram à tona; vejo-me, novamente, invadida pela emoção de acompanhar o desenvolvimento de mais um bebê: o Theo está chegando. Mais um neto, desta vez, é o filho de minha filha. E eis-me, novamente, emocionada, fragilizada, sensibilizada e forçando meus registros mentais para relacioná-los à idade gestacional de nosso bebê. Mas, agora, tudo está diferente. Posso ver o ultrassom e perceber as mãozinhas, as perninhas, o perfil do rostinho, enfim, todas as maravilhas da natureza e da bondade divina, através da tecnologia do momento. Posso ver o crescimento da barriga da futura mamãe, embora morando distante, todas as semanas por fotos ou vídeos. Posso receber as fotos da evolução do bebê em meu celular. Posso até, pensem no ‘mico’, conversar com o Theo, porque a mamãe coloca o celular em viva voz próximo à já saliente barriguinha! Enfim, faço-me presente, embora estando a quase 300 km de distância.


Nos radicais gregos, Theo significa Deus. Todos sabemos que cada ser humano é criado à imagem e semelhança do PAI e assim é com nosso Theo. O momento transbordante de amor, me fez reativar também o meu vocabulário afetivo em uso desde o nascimento dos primeiros netos; agora, cabe-me utilizar mais amiúde os mais doces vocábulos da língua portuguesa: amorzinho, queridinho, docinho, coisa linda … da vovó!


“Os filhos dos filhos são uma coroa para os idosos…” (Provérbios 17:6)


(*) Aldora Maia Veríssimo – Presidente da AVL

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