top of page
Buscar

Corpus Christi em Piquerobi


Li que a Festa de Corpus Christi é celebrada na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade, que se segue ao domingo de Pentecostes, e ocorre 60 dias depois da Páscoa.


É a festa do Corpo e Sangue de Jesus Cristo. Uma festa católica que busca celebrar o mistério da Eucaristia. Foi instituída pelo Papa Urbano IV no dia 8 de setembro de 1264.


Para comemorar o dia de Corpus Christi, tradicionalmente, as ruas são enfeitadas, ornamentadas para que por elas passe a procissão com o Santíssimo Sacramento. Cada cidade enfeita suas ruas com materiais diversificados de que dispõe: serragem, areia colorida, borra de café, cal, etc…


A procissão remete à caminhada do povo de Deus, em busca da Terra prometida, povo esse que é alimentado pelo próprio Corpo e Sangue de Jesus Cristo, conforme preconiza a fé católica.


Várias cidades brasileiras se destacam na decoração para comemorar a Festa de Corpus Christi, entre elas: Santana do Parnaíba, São Gonçalo, Matão, Curitiba, e em nossa região há que se destacar a querida Piquerobi.


Há anos atrai milhares de pessoas seduzidas pela ornamentação e pela fé; crianças, jovens, adultos, educadores e profissionais liberais se empenham para a confecção do tapete, cuja tarefa é também uma forma de demonstrar a fé na Eucaristia.


Após um período prejudicado pela pandemia, tudo voltando ao normal, na medida do possível, também as celebrações religiosas se recuperaram.


Já compareci à Procissão de Corpus Christi em Piquerobi várias vezes, mas todo ano o impacto e a emoção se revelam maiores. Este ano não foi diferente. Talvez as agruras da vida e a idade tenham adoçado o meu olhar e os meus sentimentos. É palpável, concreto, sente-se em todos os detalhes, o empenho da população e dos responsáveis para que a festa aconteça da melhor forma possível.


A cada ano há algo diferente: no tapete que cobre as ruas, na ornamentação em frente à igreja, o som disponibilizado durante o trajeto da procissão, as estátuas humanas impressionando pela fidelidade aos fatos, a queima de fogos, a quermesse, enfim, tudo pensado com muito cuidado e com carinho. Quem não é piquerobiense, sente-se plenamente acolhido, acarinhado, o que predispõe ao recrudescimento da fé na humanidade.


A cidade de Piquerobi recebe visitantes de muitas cidades vizinhas e percebe-se, também, que toda a comunidade local também se faz presente. Sente-se um clima de animação e de respeito e, perdoem-me a impressão muito particular, percebe-se um ar de orgulho (no bom sentido!) de todos os que se envolveram na preparação de tão importante evento, que há algum tempo angariou o respeito de toda a região. Um belíssimo exemplo de “turismo religioso”.


Entre os detalhes, cuidadosamente pensados, fui favorecida (e outras pessoas também!) pela Pastoral do Acolhimento que durante a missa disponibilizou cadeiras para as pessoas idosas que não estivessem sentadas. Um gesto tão carinhoso que quase me deixou constrangida.


E assim, em meio a tanta fé e tanto carinho, a procissão e a missa, celebrada pelo Bispo da Diocese de Presidente Prudente, foram seguidas por uma linda projeção nas paredes e torre da Igreja. E depois, uma belíssima queima de fogos. Olhos erguidos para o céu, sorrisos carinhosos frente à beleza do espocar dos fogos e a noite colorida pelo bom gosto e pelo brilho das luzes. E o coração batendo forte pelo significado do momento e do evento. Valeu muito! Foi lindo! Para não esquecer...


Essas apresentações artísticas, paradoxalmente, provocaram um fervor maior no coração e nas almas sequiosas do amor de Deus. A beleza evoca e comprova a existência de um Deus misericordioso!


Com o coração apertado por circunstâncias pessoais, não pude deixar de lembrar das procissões de Corpus Christi da minha infância e adolescência. Sobrou-me espaço para pensar nos tempos idos em que ir às procissões se nos afigurava como um evento digno de crescimento de fé e de nossa incomensurável confiança no amor de Deus por todos nós.


Todos as particularidades desse evento se constitui um oásis no mar de atribulações que permeia a vida da maioria dos brasileiros. São alegrias simples, pautadas no amor divino, e que nos ajudam a enfrentar os percalços e as dores que a vida nos impõe.


“O pão que eu darei é minha carne para a vida do mundo.’ (Jo, 06:51)


(*) Aldora Maia Veríssimo - Presidente da AVL

bottom of page