Acredito que, no atual momento de pós-pandemia, poucas serão as pessoas que não perderam um parente ou amigo para a Covid 19. Assim sendo, como e o que falar sobre o dia 02 de novembro que é dedicado às homenagens aos mortos?
Também eu, como qualquer pessoa comum, perdi uma pessoa muito querida, recentemente, além de também já ter perdido, há algum tempo, meus pais e uma irmã. Não gosto de ir ao cemitério. Entristece-me muito. Prefiro considerar a morte do corpo e a imediata evolução da alma para o plano superior. Tento ignorar o sepultamento, porque acho muito cruel pensar nas consequências de tal fato.
Se pesquisarmos, rapidamente, na Internet, fácil será encontrar a história da instituição do Dia de Finados: datas, significados, quais religiões são adeptas; mas, acredito que a dor, o desconhecimento e a não preparação para o momento da perda é comum à maioria das pessoas. O mistério que envolve a morte, quando e como ocorre, o impacto, o inesperado, a impossibilidade de reversão, aumentam significativamente a dor de quem fica.
Confesso minha imaturidade para o enfrentamento da perda, por isso, entendo ser válido relembrar o belíssimo poema “A morte não é nada” que se atribui a Santo Agostinho, um importante filósofo e teólogo dos primeiros séculos do Cristianismo.
“A morte não é nada.
Eu somente passei
para o outro lado do Caminho.
Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês,
eu continuarei sendo.
Me dêem o nome
que vocês sempre me deram,
falem comigo
como vocês sempre fizeram.
Vocês continuam vivendo
no mundo das criaturas,
eu estou vivendo
no mundo do Criador.
Não utilizem um tom solene
ou triste, continuem a rir
daquilo que nos fazia rir juntos.
Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.
Que meu nome seja pronunciado
como sempre foi,
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra
ou tristeza.
A vida significa tudo
o que ela sempre significou,
o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora
de seus pensamentos,
agora que estou apenas fora
de suas vistas?
Eu não estou longe,
apenas estou
do outro lado do Caminho…
Você que aí ficou, siga em frente,
a vida continua, linda e bela
como sempre foi.”
“A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos…” (Pablo Picasso 1881-1973)
(*) Aldora Maia Veríssimo – Presidente da AVL
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