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Ser mãe é...

Atualizado: 21 de jun. de 2023



Todo ano tem o Dia das Mães que atende a vários propósitos: seja para os filhos homenagearem suas mães com quem convivem, seja para relembrar as mães que perderam, seja para o comércio vender um pouco mais.


Historicamente falando, a figura materna às vezes é idealizada, romantizada ou até subestimada. Cabe às mulheres / mães engravidar, gestar e parir.


Gestações às vezes são tranquilas, às vezes de risco, às vezes solitárias, às vezes incompreendidas. Quantas mães atravessam os nove meses sem grandes problemas de saúde e tendo a seu lado o pai do bebê e seus familiares, tudo em harmonia; outras mães em gestação de risco enfrentam uma gravidez intercalando dias no hospital e dias fora dele, os nove meses parecem dezoito; e muitas são as gestações totalmente solitárias e incompreendidas, quando o pai não assume a paternidade e a mãe sofre sozinha todas as adversidades físicas e emocionais. E quando o bebê nasce, sequer o pai comparece para conhecê-lo.


Sempre me incomodei ao ver registros de nascimento com “pai desconhecido”. Cabe aqui uma reflexão: como se sente a mulher que só teve seu parceiro no momento do sexo e da concepção? Toda mulher sabe, por instinto, como é difícil ser mulher e mãe solo, nesta sociedade que continua machista, preconceituosa e sexista.


Mas, mesmo as mães razoavelmente bem sucedidas na maternidade e na vida, sabem que não é fácil ser mãe. É legítimo dizer “ser mãe é padecer no paraíso”.


O paradoxo do dito popular “padecer no paraíso” expressa bem como os momentos felizes são seguidos de momentos difíceis no desempenho da maternidade. As orações maternas, certamente pedem à Mãe das Mães que os momentos bons sejam mais e maiores que os difíceis.


Qual é a mãe que “não desdobra fibra por fibra o coração” para dar conta da educação, da escolaridade, da orientação moral, da preparação profissional e para suportar o medo ou o pavor (que depende do local em que se mora) de esperar seus filhos ou filhas retornarem para casa após uma balada ou passeios comuns?


A luz da varanda acesa a noite toda mostrando ao mundo que nessa casa há uma mãe rezando pela proteção de sua prole e aguardando ouvir o mais maravilhoso som que é o girar da fechadura da porta de entrada dando conta de que seu filho ou filha chegou, em pé! Quantas são as mães que negam a seus filhos a chave de casa porque faz questão de esperá-los acordadas a fim de olhar nos olhos deles para perceber, in loco, se estão sob o efeito de alguma substância ilícita. E significar dessa forma que sempre estará de braços abertos para recebê-los em qualquer situação.


Quantas são as mães que sorriem ou choram quando seus filhos o fazem. Para quem o sorriso dos filhos também escancara seus lábios e as lágrimas dos filhos também sulcam suas faces. É o típico “coração batendo fora do peito”. O que importa são os sentimentos dos filhos não os próprios. Se os filhos estão felizes e realizados, assim também se sentem as progenitoras.


Costumam dizer que Maria, Nossa Senhora, é a Mãe das Mães e o destino certo das orações de todas quando o medo, a angústia, a dúvida, o sofrimento e as injustiças lhes apertam o coração. E, estranhamente ou naturalmente, Ela também sofreu e muito com seu Filho Divino e inigualável. Acredito que o coração de Maria, como o de todas as mães, também tenha se afligido, tenha padecido, tenha pranteado, tenha sangrado na ânsia de protegê-lo dos sofrimentos implacáveis e predestinados. Assim, naturaliza-se o sofrimento materno. Assim são as mães. Assim são os corações das mães, assim são os braços das mães que acolhem, amparam, embalam ou enlaçam quando e conforme se fizer necessário.

“Por que Deus permite que as mães vão-se embora?”


(Carlos Drummond de Andrade: 1902 / 1987)


(*) Aldora Maia Veríssimo - Presidente da AVL

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