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Todas as cartas de amor são ridículas

Atualizado: 21 de jun. de 2023



Presidente Venceslau, 16 de dezembro de 1976.


Ao meu amor


Benzinho, como está você? E o seu trabalho?


Eu estou bem, Graças a Deus, apenas com uma vontade enorme de ver você. Desde ontem que está chovendo aqui. O tempo chuvoso deixa as pessoas melancólicas e a sua ausência parece doer mais.


Fico imaginando como seria bom se você estivesse aqui agora. Isso no momento é impossível, mas Deus vai nos ajudar a transformar em realidade inúmeras vontades e desejos tão comuns a outros casais e tão difíceis para nós.


Mas a experiência amarga da semana anterior me fazem temer o fim de semana. Amorzinho, foi tão ruim esperar você, tendo certeza que você não viria mas foi maravilhoso ver você, mesmo que por alguns momentos apenas!


Espero que tudo corra bem no seu trabalho, sem nenhum incidente de última hora para que você possa vir normalmente neste final de semana.


Benzinho, você já soube mais alguma coisa sobre a sua transferência ou agora temos apenas que “esperar”? Até quando?


Amor, amanhã (sexta e sábado) haverá Conselho de Classe na escola. Vou torcer para que dê tempo de todo o conselho ser feito na sexta feira para que no sábado eu possa ficar o dia inteiro com você.


Benzinho, desejo tudo de bom a você, que você possa vir sem correrias neste fim de semana e que Deus ouça nossas preces e concretize o mais rápido possível a sua transferência.


Tchau, amor! Eu amo você!


Mil Beijos da sua.... (14 h e 25 min.)


“Todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas.


Também escrevi, em meu tempo, cartas de amor, como as outras, ridículas.


As cartas de amor, se há amor, têm de ser ridículas.


Mas, afinal, só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor,

é que são ridículas.


Quem me dera, voltar no tempo em que escrevia cartas de amor ridículas, e não dava por isso.


A verdade é que hoje, as minhas memórias dessas cartas de amor

é que são ridículas. - (Fernando Pessoa /Álvaro Campos: 1888 - 1935)


(*) Aldora Maia Veríssimo - Presidente da AVL

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